Sócia do escritório Ivo Barboza & Advogados Associados, a advogada Gleicy Lima foi entrevistada pelo site Publicações Online (POL), especializado em inovação no Direito. Confira abaixo a entrevista completa:

Referência em Legal Ops, Dra. Gleicy conta como construiu uma comunidade que está moldando o futuro da advocacia brasileira.

Inquieta, inconformada e estudiosa. Essas são as três principais características de Gleicy Lima, Advogada, sócia de Ivo Barboza & Advogados Associados e idealizadora da comunidade “Vem Ser Ágil” – um hub de inovação e agilidade no Direito, que facilita a integração entre a tecnologia e os profissionais de Direito, para aprender, inovar e impulsionar soluções que fazem diferença no dia a dia da advocacia.

Uma mulher atenciosa e visionária, mãe de um menino de 13 anos, que possui um desejo intenso de compartilhar as coisas que descobre e ganha muito quando compartilha seus saberes.

Diz que os livros dão informações, mas que existem riquezas que só se consegue adquirir quando conversa com outras pessoas e troca bagagem.

Gosta de conexões genuínas, unir as pessoas com interesses em comum e tornar a vida do advogado mais simples e possível quando falamos em prestação de serviços. Também formada em Odontologia, migrou para o Direito se encantando com a área de gestão e estudando sobre o tópico a ponto de se tornar pioneira em métodos ágeis.

Hoje entende que isso foi um caminho para encontrar o Legal Ops (que tem os métodos ágeis como um dos seus pilares), e desde então, lidera pessoas dentro do escritório, inspirando-as e dando exemplo de trabalho e estudo.

Por incentivo familiar, também entende que o estudo move o mundo e além disso, já fez duas pós-graduações em gestão de escritório, métodos ágeis e experiência do cliente – além dos diversos cursos que busca conhecimento.

Escreve com frequência no LinkedIn, já escreveu artigos no Migalhas e atua como colaboradora da Fenalaw Lab. Sua paixão pelas palavras vem desde a infância, e foi através da escrita que encontrou uma forma de aproximar temas complexos do cotidiano jurídico. Um de seus textos sobre Legal Ops e a diferença entre Controladoria Jurídica teve um aspecto interessante, conta que ao explicar o assunto de maneira simples e didática, conseguiu fazer com que seu pai, advogado da área tributária, compreendesse com clareza um tema ainda pouco difundido na época. E assim, ela vem escrevendo para abrir diálogos, conectar pessoas e criar oportunidades de aprendizado coletivo.

Está sempre em busca de conceitos como colaboração e comprometimento, visando um lugar onde todos respeitam suas opiniões e se sentem aptas a colaborar por livre e espontânea vontade. Conversando com a Dra. Gleicy, tivemos a oportunidade de entender sua visão sobre a Controladoria Jurídica, setor tão importante de um escritório, além de conhecer mais sobre aspectos importantes para a gestão de uma empresa jurídica e o impacto da comunidade Vem Ser Ágil no dia a dia dos profissionais e fornecedores. Também mencionou que hoje, no escritório em que trabalha existem 15 mil processos ativos e todos eles são monitorados pela POL. Acompanhe a entrevista. Boa leitura!

1. Você poderia nos contar como surgiu a “Vem Ser Ágil”? Qual foi o gatilho, a inspiração ou a necessidade concreta que motivou o lançamento dessa comunidade que une direito e tecnologia?

O Vem Ser Ágil nasceu da necessidade de compartilhar temas relevantes para a área jurídica, conectando pessoas e saberes para que, juntos, pudéssemos abraçar o direito do futuro e o futuro no direito.

Naquele momento, percebi que o Direito precisava se abrir para novos conhecimentos, dialogar com outras ciências, integrar diferentes perspectivas e, principalmente, aproximar pessoas de áreas diversas. Era uma urgência.

Posso dizer que o gatilho foi ser conhecedora dos métodos ágeis que pode ser definido como uma nova forma de pensar, colaborar e gerir com mais leveza e eficácia. E meu desejo era mostrar às pessoas que existia, sim, um jeito melhor de liderar, engajar e entregar valor, rompendo com o modelo tradicional de comando e controle e que faria todo sentido nessa nova visão de uma comunidade diversa de saberes.

Na época, eu mantinha um perfil no Instagram chamado @controladoriajuridicaagil e, em um insight, decidi mudar o nome para @vemseragil. Criei também um grupo no WhatsApp e, em março de 2022, com o coração aberto e a mente inquieta, dei o primeiro passo para construir algo maior: uma comunidade. Não apenas de profissionais do Direito, mas de pessoas de diferentes áreas, dispostas a aprender juntas e a transformar o mercado jurídico.

O Vem Ser Ágil nasceu com uma essência de acolhimento, um espaço de pertencimento, aprendizado e trocas genuínas. Logo vieram as construções coletivas: ebooks, eventos jurídicos, leituras de livros e muitas experiências compartilhadas.

Lembro ainda que estávamos no período pós-pandemia, e a Fenalaw, o maior evento jurídico da América Latina, não aconteceria naquele ano. Diante dessa ausência, sentindo a necessidade de me aproximar de fornecedores e empresas que criavam soluções tecnológicas, percebi que muitos profissionais viviam as mesmas dores: queriam inovar, mas não sabiam por onde começar e a quem entrar em contato.

Foi então que compreendi, mesmo sem planejar, o tamanho da importância que é aproximar clientes, escritórios e parceiros para cocriar valor. E para os fornecedores de produtos e serviços investir em comunidades jurídicas, como o VEM SER ÁGIL, é estratégico porque é nelas que surgem a inovação, os talentos e as conexões que moldam o futuro do Direito.

Investir em comunidades jurídicas é investir em aprendizado vivo, em inovação compartilhada e em reputação de marca dentro de um ecossistema que dita o ritmo da transformação no Direito. Quando uma empresa apoia ou participa de uma comunidade, ela não está apenas patrocinando eventos está construindo presença, credibilidade e inteligência coletiva. É ali que nascem as ideias, os talentos e as soluções que antecipam o futuro do mercado jurídico.

Assim nasceu o Vem Ser Ágil de um desejo genuíno de unir pessoas, fornecedores e ideias em torno de um propósito comum: compartilhar conhecimento e explorar os temas que estão moldando o futuro do setor jurídico e tantas outras inovações que nos convidam a repensar o jeito de fazer e viver o Direito.

2. Como você enxerga o papel da Controladoria Jurídica no Brasil atualmente? Quais são os impactos mais visíveis que essa área traz para escritórios de advocacia e departamentos jurídicos corporativos?

O papel da Controladoria Jurídica no Brasil vai muito além de uma função operacional, ela é uma área estratégica, que atua no nível gerencial de escritórios e departamentos jurídicos, garantindo eficiência, organização, padronização, gestão de riscos e qualidade na entrega dos serviços. Ter uma Controladoria significa otimizar o trabalho jurídico, permitindo que o advogado concentre sua energia no que realmente importa: desenvolver e aprimorar teses, conduzir reuniões com clientes, analisar jurisprudências, elaborar peças e fortalecer a atuação técnica.

Enquanto o advogado foca na prática jurídica, a Controladoria cuida dos bastidores com precisão: coleta publicações, controla prazos, protocola peças, verifica a integridade dos protocolos, gera relatórios, parametriza sistemas e monitora a qualidade dos dados. É ela quem garante que tudo flua com segurança e previsibilidade.

Esse conceito nasceu nos Estados Unidos, inspirado na figura do paralegal, mas, com o nosso “toque brasileiro”, evoluiu para algo ainda mais robusto. No Brasil, a Controladoria Jurídica ganhou estrutura e sofisticação, transformando-se na base das operações práticas do Legal Ops, um modelo que amplia a visão de gestão e eficiência no setor jurídico.

Enquanto a Controladoria foca em suportar o cliente interno e o controle operacional, o Legal Ops se baseia nos 12 pilares do CLOC (Corporate Legal Operations Consortium), promovendo uma gestão integrada e estratégica que abrange tecnologia, finanças, pessoas e governança.

Ter uma Controladoria, independentemente do grau de maturidade, é estar à frente, pois ela cria uma cultura de organização e qualidade que reflete diretamente na experiência do cliente e na performance do time jurídico.

E, para que esse sistema funcione bem, fornecedores especializados, como a Publicações Online, são aliados essenciais, ajudando a eliminar duplicidades, otimizar fluxos e oferecer publicações com amplitude e confiabilidade. Afinal, a Controladoria é o coração do escritório: tudo começa e termina nela, e contar com parceiros que garantem precisão e segurança é o que mantém esse coração batendo no ritmo certo.

3. Você percebe uma procura crescente de profissionais para entrar nessa área de controladoria jurídica, gestão de escritórios e Legal Ops? Que perfil de pessoa você vê como adequado ou promissor para essa transição?

Há uma demanda crescente por profissionais de Controladoria Jurídica, Gestão e Legal Operations, e isso me deixa profundamente feliz. Quando iniciei minha trajetória na área, em 2012, o tema ainda era pouco conhecido, o termo “Controladoria Jurídica” soava novo, quase experimental, e certamente não tinha a relevância e reconhecimento que possui hoje.

Essa expansão reflete uma mudança de mentalidade entre os gestores de escritórios e departamentos jurídicos, independentemente do porte. Nos escritórios menores, por exemplo, tem crescido a consciência de que estruturar uma Controladoria é um passo fundamental para crescer com organização, previsibilidade e eficiência. Ou seja, além de uma maior procura por profissionais, há também um amadurecimento coletivo sobre o valor que a Controladoria agrega à entrega jurídica.

Quanto ao perfil ideal, acredito que quem atua nessa área precisa ter visão analítica, disciplina, gosto por padrões e processos, além de ser planejador, detalhista e metódico. Em mais de uma década de experiência, percebo que essas características são essenciais para quem quer se destacar.

Mas é importante dizer: a Controladoria Jurídica é, por natureza, multidisciplinar. Não é composta apenas por advogados, há designers, contadores, profissionais de dados e programadores, todos colaborando para construir soluções, criar dashboards de performance, automatizar rotinas e gerar informações estratégicas para a tomada de decisão.

Mais do que perfil técnico, é preciso ter uma mente aberta, disposta a testar novas soluções, simplificar processos e acolher a mudança mesmo quando ela exige sair do plano original. Cada profissional, com sua formação e especialidade, contribui para uma estrutura mais completa e inovadora.

Quando finalizei minhas graduações em Direito e Odontologia, meu plano inicial era seguir a carreira da magistratura. Mas minha inclinação natural à organização e ao método me levou a identificar uma lacuna no escritório em que atuava e foi ali que nasceu o embrião do setor que, mais tarde, se consolidou como Controladoria Jurídica e, hoje, Legal Ops.

Não comecei sabendo: aprendi fazendo, estudando, trocando experiências, conectando-me com outros profissionais e testando na prática o que funcionava. Nesse percurso, parametrizei fluxos, desenhei processos e desenvolvi modelos de trabalho que hoje sustentam a operação.

Atualmente, seguimos investindo em pessoas, oferecendo espaço para aprendizado, crescimento e colaboração porque acredito que é assim, com uma base sólida de conhecimento e um time comprometido, que se constrói uma Controladoria realmente estratégica e humana.

4. No âmbito da comunidade “Vem Ser Ágil”, qual é o seu maior objetivo ou missão? O que você espera que os participantes realizem ou transformem em suas práticas profissionais?

O propósito sempre foi aprender e, mais do que isso, inspirar outras pessoas a enxergarem o Direito de uma forma diferente, mais leve, colaborativa e humana. Acredito que juntos temos a força necessária para construir o amanhã. Por isso, a minha missão, enquanto idealizadora do Vem Ser Ágil, é criar um espaço seguro, onde cada profissional possa aprender, compartilhar suas dores e encontrar apoio mútuo tanto entre colegas da área quanto junto a fornecedores de produtos e serviços.

A ideia é que ninguém se sinta só. Além da comunidade principal, nasceu o Vem Ser Ágil Study, um espaço dedicado ao estudo coletivo de novos temas, como o DJE, por exemplo.

Tudo começou de forma simples: alguém sugeriu reunir as dúvidas de todos em um só lugar e esse gesto transformou o grupo em uma verdadeira comunidade de aprendizagem. Ali, cada integrante é dono do processo, pois tudo é construído coletivamente.

O Vem Ser Ágil é mais do que um grupo, é um movimento que convida à colaboração e à troca. Ele mostra que, quando aplicamos métodos como Scrum e Kanban, conseguimos enxergar os desafios com clareza e perceber que ninguém precisa enfrentá-los sozinho. A essência do Vem Ser Ágil está justamente nisso: na certeza de que a colaboração é o que move o mundo. Porque, quando nos unimos por um propósito comum, as coisas realmente acontecem e é incrível sentir que estamos juntos nessa jornada.

5. Falando de métodos ágeis aplicados ao jurídico: quais são os mitos mais comuns que você encontra entre advogados e equipes jurídicas antes de incorporarem essa abordagem? E o que muda, na prática, quando se adota métodos ágeis de fato?

Sem o apoio dos métodos ágeis, a advocacia tende a se tornar uma atividade solitária. Muitos profissionais atuam de forma isolada, dentro do escritório ou departamento jurídico, mesmo estando em grupos, especializados em determinadas teses ou clientes, dentro do modelo conhecido como encarteiramento em que cada advogado cuida de uma tese específica de processos.

Nesse formato, o trabalho assume uma dinâmica quase industrial: uma esteira de produção contínua, em que os prazos se acumulam e o profissional perde a visão do todo, sem conseguir acompanhar o impacto ou o resultado final de suas entregas.

No livro “Agilidade Além da TI”, em um dos capítulos que tive a oportunidade de escrever, faço uma analogia com o filme Tempos Modernos, de Charlie Chaplin. Assim como o personagem que repete o mesmo movimento sem saber o que está construindo, muitos advogados vivem imersos em tarefas repetitivas, sem conseguir enxergar a relevância ou o propósito do seu trabalho dentro do contexto maior.

Os métodos ágeis mudam completamente essa lógica. Eles trazem transparência, colaboração e propósito. Todos sabem o que cada membro da equipe está fazendo, quais teses estão em andamento e onde podem contribuir. O foco deixa de ser apenas “fazer petições” para se tornar pensar estrategicamente em conjunto, buscando as melhores soluções para o cliente.

Com isso, o escritório ganha eficiência, planejamento e troca de conhecimento. O saber flui do advogado sênior para o júnior, prioridades ficam claras e todos participam das decisões. Adotar agilidade no jurídico é fomentar criatividade, pertencimento e escuta ativa.

Durante anos, carreguei o peso de gerenciar com o uso do comando e controle. Quando conheci os métodos ágeis, percebi que a liderança podia ser compartilhada. As pessoas começaram a propor melhorias, a colaboração se fortaleceu e criamos um espaço de aprendizado contínuo, com trocas semanais de ideias e experiências.

Trabalhar com Controladoria Jurídica Ágil é, no fim das contas, trabalhar com pessoas e com o objetivo de que tudo flua de forma organizada, eficiente e, acima de tudo, centrada no valor.

6. Você poderia nos dar um exemplo concreto de um escritório ou de uma Controladoria Jurídica que tenha se beneficiado com a adoção ágil e/ou implementação de Legal Ops – que desafios enfrentam, como superaram e quais foram os resultados?

No escritório onde atuo desde 2011, iniciei minha trajetória na área de apoio em 2012 e, desde então, o maior desafio sempre foi lidar com a mudança de mentalidade. Identificar que há um setor voltado à gestão jurídica, e não apenas ao suporte operacional, exigiu uma transformação cultural profunda. Apesar do nome “apoio”, nossa atuação vai muito além disso, ela está no coração da estrutura organizacional e das operações do escritório.

O primeiro grande obstáculo foi fazer com que as pessoas compreendessem a importância da Controladoria Jurídica e o impacto que ela tem na eficiência e na qualidade da entrega. Essa compreensão é o que diferencia escritórios com visão de futuro daqueles que ainda precisam amadurecer sua gestão. Outro desafio igualmente importante foi mudar a forma de trabalhar, substituindo o modelo tradicional de comando e controle por uma abordagem mais colaborativa e participativa.

No início, realizamos reuniões em que muitos evitavam opinar, movidos por hierarquia ou receio. Com o tempo, fomos construindo um ambiente seguro, no qual todos pudessem se expressar livremente, com respeito às diferenças e valorização das ideias. Hoje, esse espaço de diálogo se tornou um dos pilares da nossa cultura.

Com a implementação de Legal Ops, automação, robôs, softwares e novas tecnologias, evoluímos em todas as dimensões das 12 competências do CLOC (Corporate Legal Operations Consortium).

Ganhamos eficiência, segurança da informação, fluidez nos fluxos de trabalho e, principalmente, uma visão sistêmica e madura de gestão.

O resultado é claro: quando se adota uma mentalidade voltada à construção coletiva e à melhoria contínua, toda a organização cresce junto.

7. Para quem está no meio da carreira ou em transição (como muitos leitores talvez estejam) e quer ingressar ou solidificar-se em Controladoria Jurídica/Legal Ops: qual seria o seu conselho prático ou um “primeiro passo” que você considera fundamental?

Se me permitir, prefiro falar em expansão de carreira, e não em transição, afinal, o conhecimento que adquirimos ao longo do tempo nunca se perde, ele apenas se amplia. Cada nova etapa é um desdobramento do que já sabemos, uma forma de evoluir e conectar saberes.

Para quem deseja realmente se aprofundar nessa área, profissionalizar-se e ampliar sua visão, o ideal é começar pelo básico: investir em cursos introdutórios que agreguem valor à atuação. Um excelente caminho são os cursos da Samanta Albina, que, além de uma amiga querida, é referência e pioneira em Controladoria Jurídica no Brasil.

Participar de congressos, palestras e eventos também é essencial. Ouvir quem já tem experiência na área, observar os desafios e os ganhos de cada trajetória é uma forma poderosa de aprendizado.

E, para quem busca um passo além, recomendo investir em uma pós-graduação em Controladoria Jurídica e Legal Ops. Há excelentes opções inclusive na Radar, onde tenho o prazer de lecionar a disciplina de Métodos Ágeis. É um percurso de crescimento contínuo, de troca e de expansão genuína.

8. Nós sabemos que através da comunidade “Vem Ser Ágil”, você foi a responsável por conectar todos os fornecedores que existem no Brasil neste grupo, portanto, como você enxerga o impacto de ter empresas de tecnologia que criam produtos e serviços para impulsionar e modernizar os escritórios?

Acredito que ter os fornecedores ao nosso lado é um ganho imenso. Desde o início do Vem Ser Ágil, criamos, nas terças-feiras às 19h, um espaço dedicado para conhecê-los de perto, entender suas ferramentas, cursos e soluções de forma mais profunda. Muitas vezes, nas grandes feiras e eventos, essa conexão é difícil por conta da correria e do volume de pessoas. Então, abrimos nossas portas para que esses parceiros pudessem apresentar o que fazem e mostrar o impacto real de suas soluções dentro dos escritórios jurídicos.

Lembro, por exemplo, do caso da Publicações Online, todos conhecem o serviço de entrega de intimações, mas poucos sabem que existem outras soluções igualmente relevantes. Conhecer as pessoas por trás das empresas cria uma conexão mais genuína e construtiva.

Esse espaço é sobre proximidade e troca verdadeira: permitir que os fornecedores compreendam nossas dores e desafios para, juntos, encontrarmos as melhores soluções. Muitas vezes, uma ferramenta é criticada sem que o fornecedor tenha chance de entender o problema ou aprimorar o produto. Quando ele faz parte do ecossistema, além de receber feedbacks positivos, amplia sua visão e pode evoluir junto com a comunidade.

O relacionamento com o cliente é, no fim das contas, o que mais conta. E criar essa ponte direta entre comunidade e fornecedores gera confiança, transparência e indicações autênticas daquelas que nascem da experiência real e da colaboração genuína.

9. O futuro da advocacia e dos departamentos jurídicos envolve tecnologia, dados, processos, pessoas. Onde você enxerga a maior lacuna hoje, no Brasil, para que a Controladoria Jurídica realmente alcance seu potencial máximo? E qual é o papel da comunidade “Vem Ser Ágil” nesse cenário?

Quando falamos em gestão e Controladoria Jurídica, é impossível não reconhecer a força de uma tríade essencial de pessoas, processos e tecnologia, nesta ordem. Depois delas, vêm os dados, que consolidam e validam todo o trabalho. Mas, no centro de tudo, estão as pessoas. São elas que fazem as coisas acontecerem, que transformam ideias em ação e que sustentam qualquer operação, seja em um escritório, em uma empresa ou em uma comunidade como o Vem Ser Ágil.

Ter pessoas motivadas, engajadas e com senso de pertencimento é o que faz tudo funcionar. Você pode ter processos perfeitamente estruturados e a tecnologia mais avançada do mercado, mas, sem pessoas capacitadas e envolvidas, nada acontece. Se os processos forem desorganizados, a tecnologia apenas mostrará o problema, e será o olhar humano que trará a solução. Os dados podem indicar oportunidades de melhoria, mas é a inteligência e a sensibilidade das pessoas que transformam esses números em resultados reais.

Lembro de uma experiência no escritório: tínhamos cerca de mil prazos abertos por mês, e percebi que uma colaboradora passava horas em atividades repetitivas. Com o Power BI, os dados revelaram esse gargalo. A partir daí, decidimos automatizar o fluxo com um robô, mas, foi o olhar humano que definiu o processo e orientou a tecnologia. Essa é a essência: a tecnologia e os dados só têm sentido quando guiados por pessoas que sabem o que buscam e por quê.

Olhando para o futuro, nos próximos dois ou três anos, tenho planos claros para o Vem Ser Ágil: dar ainda mais visibilidade aos fornecedores e acessibilidade aos profissionais jurídicos por meio do Selo de Excelência, reunindo tudo em uma página oficial que facilite o acesso às melhores soluções do mercado. Quero continuar compartilhando conhecimento, fortalecendo parcerias e inspirando profissionais a repensarem o Direito com um olhar mais colaborativo e humano.

Profissionalmente, pretendo seguir inspirando e ensinando, dentro e fora do escritório, contribuindo para uma transformação real na forma de gerir e pensar o jurídico. E, olhando de forma mais ampla, meu desejo é ver o Direito mais padronizado e acessível, com sistemas integrados que simplifiquem a rotina dos advogados, um movimento que, espero, o CNJ possa liderar nos próximos anos.

Finalizo com um agradecimento especial à Publicações Online, uma parceira que faz parte dessa jornada há anos. Hoje, monitoramos mais de 15 mil processos ativos com o apoio da POL, e seguimos ampliando essa integração com outras soluções da empresa.

Para acompanhar mais sobre essa trajetória e sobre a comunidade, siga o @vemseragil no Instagram, participe das discussões e venha fazer parte dessa transformação.

10. Para finalizar, olhando para os próximos 2 a 3 anos, quais são os futuros projetos ou ambições que você tem com a “Vem Ser Ágil” ou em sua atuação como gestora de Controladoria Jurídica? O que você quer ver de transformação ou legado?

Tenho muitos planos para o Vem Ser Ágil. Faremos um evento em Recife, em 2026, e ampliaremos a visibilidade dos fornecedores e a acessibilidade dos profissionais jurídicos, por meio do nosso carimbo de excelência, reunido em uma página oficial que conecte soluções confiáveis a quem precisa delas. Quero que as pessoas encontrem, com facilidade, informações relevantes sobre os fornecedores e continuem aprendendo dentro da comunidade porque compartilhar conhecimento e gerar conexões é o que dá sentido a esse movimento.

No campo profissional, quero seguir inspirando pessoas, dentro e fora do escritório, estudando, aplicando e compartilhando o que aprendi ao longo da minha jornada. Acredito que quando a gente aprende junto, cresce junto e é esse ciclo que fortalece tanto o time quanto a comunidade.

De forma mais ampla, sonho com um Direito mais simples, padronizado e acessível. Hoje, convivemos com múltiplos sistemas, seja para ter acesso às intimações, seja pelas diferentes plataformas no momento de protocolar. A regra, hoje, é não ter padrão, o que gera insegurança e dificulta a gestão jurídica. Gostaria de ver um movimento efetivo do CNJ no sentido de uniformizar e simplificar essa rotina, tornando o trabalho do advogado mais fluido e seguro.

Falamos muito sobre inteligência artificial e tecnologia, mas ainda falta padronização real que traga eficiência ao dia a dia dos profissionais e fornecedores. Espero que essa transformação aconteça na prática e faça com que o Direito seja mais ágil, humano e conectado.

Dra. Gleicy Lima finalizou com um agradecimento especial à equipe da Publicações Online, destacando a agilidade e assertividade na entrega das intimações – uma parceria de longa data que impacta positivamente a gestão jurídica em seu escritório. Atualmente, são mais de 15 mil processos ativos monitorados com o apoio da POL, e o grande objetivo é ampliar essa integração com as diversas soluções que a empresa oferece. Para conhecer mais sobre o seu trabalho, acesse seu portal @vemseragil no Instagram, participe da comunidade e desfrute de seu trabalho.